Os Puritanos e a Dificuldade do Ministério

Por Rev. D.J. MacDonald

“O trabalho do pregador”, diz Perkins, “é permanecer na presença de Deus, adentrar no santo dos santos, ir entre Deus e o Seu povo, ser a boca de Deus para o povo, e a do povo para Deus; ser o intérprete da eterna lei do Antigo Testamento e do sempiterno evangelho do Novo Testamento; permanecer no espaço do Próprio Deus; cuidar e encarregar-se das almas; estas considerações são maravilhas para a consciência de homens que aproximam-se com reverência, e não com descuidada pressa, ante o trono santo”. [1]

“Não é difícil ensinar?” pergunta John Collings, em sua “A Vindication of the Great Ordinance of God, a Gospel Ministry” (1651). “Meus amados amigos, estamos consigo em muito temor e tremor; e quando consultamos os originais, pesamos a coerência de um texto, comparando nossos pensamentos com os pensamentos de muitos outros divines (teólogos) e principalmente comparando Escritura com Escritura, ainda assim estamos nós em tremor e vemos razão para clamar ao Senhor como Agostinho (antes da nossa interpretação da Escritura): Concede, Senhor, que nós não nos enganemos na compreensão da Tua vontade e que não enganemos a outros, com uma falsa interpretação”.

Sempre que olhamos ou mergulhamos nos escritos dos Puritanos, ficamos com a impressão de que eles tinham uma visão séria e elevada do ministério. “Era”, diz Iain Murray, “uma vida que os enchia de emoção, de reverência. Eles eram da mesma têmpera de Lutero, que disse que se tivesse de atender novamente à sua vocação ele cavaria ou tomaria sobre si qualquer outra coisa contanto que não fosse o ofício de ministro”. Calvino, mesmo após haver escrito sua obra mestra, “As Institutas”, julgava-se insuficiente para aceitar o peso da função ministerial. Knox... foi tão profundamente afetado pela responsabilidade do ofício que foi com grande dificuldade induzido a iniciar o seu ministério de pregação. Knox tremeu ao tomar sobre si o ofício do ministério, não somente devido ao seu senso de incapacidade, mas por saber que as responsabilidades do ofício, uma vez aceitas devem, a qualquer custo, serem levadas a cabo.

“Foi escrito sobre James Durham que, ao aproximar-se do fim da vida, ele disse que se pudesse viver outros dez anos, ele escolheria estudar durante nove anos como preparação para poder pregar no décimo. Perkins estava tão impressionado pela carga sob a qual se encontrava, que ele escreveu na página-título de um dos seus livros, ‘Tu és um ministro da Palavra. Cuida dos teus negócios’. Thomas Shepherd, falando a alguns jovens ministros que o visitaram em seu leito de morte, disse, ‘Sua tarefa é grandiosa e exige grande seriedade. Da minha parte, eu nunca preguei um sermão o qual, durante a preparação não me custasse orações com lágrimas e choro forte. Eu nunca subi num púlpito como se não fosse prestar contas de mim mesmo a Deus’”. [2]
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[1] Works, vol 3, p 432.
[2] Do texto de título "The Puritan View of the Ministry and its Relation to Church Government" (“A Visão puritana do ministério e a sua relação com o governo eclesiástico”), veiculado posteriormente na "The Banner of Truth Magazine", agosto de 1957.

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