Este número (Revista Os Puritanos, 2003— Por Que a Proclamação da Palavra é o Método Bíblico?) tem o propósito de trazer ao leitor uma análise crítica do uso do teatro e do entretenimento para se comunicar o Evangelho, para se evangelizar, como se este método tivesse respaldo bíblico. Muitos defendem esta metodologia como eficiente nos dias de hoje ou como alternativa para fugir da forma “arcaica” de se proclamar ou pregar a Palavra de Deus, e ainda, que devemos ser criativos no anúncio do evangelho. O Dr. Frame de Westminster, argumenta contrariamente aos princípios escriturísticos, de forma pragmática e exegeticamete equivocada, que o teatro como meio de se comunicar o evangelho tem respaldo em algumas passagens da Bíblia em que alguns profetas fizeram coisas dramáticas. Ele chega até defender a dança litúrgica tomando textos da Bíblia que falam das extraordinárias celebrações de vitórias nacionais de Israel contra povos pagãos. Muitos têm concordado com isso, ou por “desconhecimento” ou por maldade. Outros de forma pragmática citam grandes e renomados pregadores do passado que foram dramáticos em suas pregações. Infelizmente, muitos reformados têm aprovado esta forma de se comunicar evangelizar e usam o argumento de que já deu certo porque pessoas já se converteram assim. Outros usam o argumento falaz de que podem usar o teatro quando não se trata de um momento de culto público, porque se assim fosse estaria errado, mas seria correto em outro momento. Mas esquecem que o Princípio Regulador não se aplica só ao culto público; pensar assim é distorcer a posição puritana e Presbiteriana e Reformada (CFW). Esse pensamento surgiu só no final do século dezenove.
Os puritanos e PRESBITERIANOS aplicaram o Princípio Regulador a todo culto, público ou particular, familiar. Tanto é que não permitiam que este Princípio fosse violado mesmo em casa. Mas isso não quer dizer que para os puritanos e presbiterianos, o pai que conduzia o culto familiar em sua casa (e não a mulher) podia conduzir o culto e as ordenanças no culto público ou exercer disciplina eclesiástica, pois são prerrogativas dos pastores/presbíteros. As regras para a administração dos elementos do culto são peculiares. O cantar louvores é corporativo, mas o pregar é prerrogativa do ministro. O cantar louvores é feito corporativamente, todos ao mesmo tempo, mas o orar no culto público ou mesmo no culto familiar é feito um de cada vez. O Princípio é mais abrangente do que pensamos e a Confissão de Fé não faz declarações estanques como se a Bíblia tratasse da vida como um todo em um departamento, e, em outro, tratasse de questões de fé. Ao contrário, qualquer coisa que seja contrária ou fora da Palavra de Deus, em matéria de fé ou do culto, não deve ter autorização de ser praticada. Usar teatro para fazer discípulos é contrariar o IDE de Jesus (Mt 28:20) que decretou fazer discípulos através do ensino das Escrituras. Que argumento é este? Bíblico ou pragmático? O Dr. Peter Master nos leva a pensar, refletir de forma racional e bíblica sobre o assunto.
Este número também apresenta a primeira parte de um artigo muito importante sobre a Natureza das Línguas e Profecias no Novo Testamento. Trata-se de uma palestra que foi apresentada no Seminário Presbiteriano do Norte, na Semana Teológica organizada pela diretório acadêmico e com a aprovação daquela instituição Presbiteriana. Na ocasião outras posições com respeito ao tema fora abordadas academicamente. Mas o artigo nada mais é do que uma observância da Pastoral (documento redigido pela Comissão Permanente de Doutrina da IPB e já extinta) sobre a questão que recomenda o estudo mais apurado do assunto; trata-se de uma recomendação da própria Pastoral a qual foi aprovada pela Assembléia Geral da IPB em 2001. O artigo mostra algumas incoerências do documento em relação à doutrina Presbiteriana e bíblica – Reformada – bem definida nos Símbolos de Fé da própria Igreja Presbiteriana do Brasil: CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER e os CATECISMOS, MAIOR E BREVE, além do seu Manual de Culto o qual tem suas bases nestes Símbolos de Fé.
Estamos sempre abordando assuntos como estes por serem relevantes e práticos. Nós que somos crentes confessionais amamos a verdade e refutamos o erro – pelo menos lutamos por isso ainda de forma acanhada e muitas vezes eclesiasticamente equivocada e imatura. Temos uma responsabilidade que é bem colocada pelo grande matemático Janseniano, Blaise Pascal quando disse: “Tanto é crime perturbar a paz quando a verdade prevalece como preservar a paz quando a verdade é violada. Há, portanto, um tempo em que a paz se justifica e outro quando ela não se justifica. Porque está escrito que há tempo para a paz e tempo para a guerra e é a lei da verdade que distingue os dois. Mas em nenhum momento há um tempo para a verdade e um momento para o erro, pois está escrito que a verdade de Deus permanece para sempre. É por isso que Cristo disse que veio trazer a paz e ao mesmo tempo a espada. Mas Ele não disse que veio trazer tanto a verdade como a falsidade”.
Recentemente soube de um doutor que afirmou que nós hoje somos mais sábios que os doutores do passado pelo número de informações que dispomos e por isso podemos mudar muitas coisas que se defendia no passado. Não duvido que em certas questões do momento temos nos aprofundado mais, pressionados pelas novidades da contemporaneidade; isso sempre aconteceu, mas isso sempre veio reforçar o que a Bíblia ensina e não distorcê-la como pretendem os “sábios” de hoje. Fico com a afirmação de certo pensador cristão: “...a geração de intelectuais evangélicos vai comprometendo a ortodoxidade bíblica face à hostilidade acadêmica. Uma simples pesquisa revela sinais ainda mais significativos. Alguns evangélicos estão aceitando a subjetividade radical, o perspectivismo, o disistoricismo e o relativismo da erudição pós-modernista. Em nome de uma mudança de paradigma, alguns evangélicos desistem da própria reivindicação à verdade objetiva”.
Muitos estão hoje com temor de serem chamados de radicais, mesmo que saibam das verdade imutáveis. A eles se aplica o que disse R. Albert Mohler Jr.: “A fim de ganhar distância do “fundamentalismo”, muitos evangélicos abandonaram o fundamento”. Deus nos livre desta fraqueza que compromete o Reino de Cristo.
Boa leitura.
Manoel Canuto
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