Maridos Cristãos (3)


Por Nelson Kloosterman

TERCEIRA  E ÚLTIMA PARTE
2) Princípio Fixador
Vamos para o Princípio Fixador nos versículos 29-31: “Pois nunca ninguém aborreceu a sua própria carne, antes a nutre e preza, como também Cristo à igreja; porque somos membros do seu corpo. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e se unirá ã sua mulher, e serão os dois uma só carne”.

Aprendemos acerca disso na história da criação. A intenção de Deus é que marido e mulher tornem-se uma só carne. Temos aqui a natureza e o propósito do casamento. Na unidade encontramos a nossa identidade. Gostaria de explicar como isso é simbolizado em algumas cerimônias de casamento nos Estados Unidos. Não é incomum em cerimônias de casamento a decoração incluir flores e velas. Mas existe um grupo de velas à frente dos noivos. São três. Elas são especiais e separadas.  Como parte da cerimônia, os pais da noiva e do noivo acendem as duas velas das extremidades. A do centro fica apagada provisoriamente. À medida que a cerimônia progride, noivo e noiva trocam seus votos. Então o noivo e a noiva pegam as duas velas das extremidades e com elas ascendem a vela do centro. É a vela da unidade. Fazem isso juntos. Posteriormente eles juntos apagam as velas das extremidades ficando acessa apenas uma única vela, a do centro. Este ato é feito na cerimônia de casamento para simbolizar a unidade da verdade bíblica do casamento cristão. A unidade de marido e mulher é o suprimento de sua identidade, assim como a igreja é o corpo de Cristo. Uma unidade corporativa. A esposa pertence ao marido. Cristo outorga à igreja coisas semelhantes àquelas que o homem outorga à sua mulher. Cristo dá a igreja o Seu nome e os Seus privilégios. Cristo dá a igreja a Sua riqueza, mas também os seus sofrimentos. Da mesma forma acontece com o marido, ele dá a esposa o seu nome, a sua vida, a sua riqueza e seu sofrimento.

Nós maridos precisamos aprender a desfrutar desse tipo de unidade. Precisamos aprender a olhar para nossas esposas como parte de nós mesmos, mas isso não acontece na noite do casamento. Precisamos aprender a pensar em termos da necessidade do outro. Tanto para nós como para nossa esposa existe aquele impulso de independência, mas o que vimos até aqui nos mostra que nós nunca devemos abusar da nossa esposa, quer fisicamente, verbalmente ou emocionalmente. Jamais devemos negligenciar nossas esposas; jamais devemos ao menos fazer pressuposições negativas a respeito delas.

A essa altura devemos fazer uma pergunta às mulheres. Vocês estão tornando esse tipo de amor sacrificial possível aos seus maridos? Se o chamado da esposa é para ser submissa, o marido deve se perguntar: Será que eu sou alguém a quem é fácil alguém se submeter? E se o chamado do marido é amar a esposa, a esposa deve se perguntar: Será que eu sou uma pessoa fácil de se amar?

Casamento cristão é muito mais do que o simples se evitar o adultério. O casamento cristão é dois em um. Isso visa expressar para nós o relacionamento da Trindade.

Seria importante uma palavra aos maridos como sacerdotes do lar. É claro que não estamos aqui nos referindo ao sacerdócio Católico Romano. Aliás, o sacerdote Católico Romano, em nossa opinião, exibe uma perversão daquilo que a Bíblia ensina. Exigir que alguém adira ao celibato para servir a Deus para resto da vida contradiz frontalmente o que a Bíblia ensina. O que temos em mente é a vida dos sacerdotes do Antigo Testamento e mais claramente exibido na vida de Cristo. O que os sacerdotes faziam no Antigo Testamento? Tinham primordialmente duas responsabilidades:

a)    A primeira delas era ensinar ao povo de Deus a Lei de Deus, e esse é o papel do marido cristão. Marido é sua tarefa ser o líder espiritual na sua casa, no seu lar. Você precisa ser o líder da família, ensiná-la em termos devocionais, no culto doméstico. Mas também precisa investir tempo com sua esposa, com seus filhos na meditação da Palavra, na sua leitura e memorização.

b)     A segunda coisa que o sacerdote do Antigo Testamento fazia era ministrar os sacrifícios que levavam ao perdão e a reconciliação ao povo. Sabemos que o sacrifício final já foi oferecido com sacrifício de Cristo na cruz. Este foi o sacrifício final, mas o que queremos dizer é: Como sacerdotes os maridos no lar ministram a graça que vem da Cruz de Cristo. O marido ministra perdão, ensina confissão de pecado e arrependimento. Não faz isso apenas por preceito, mas também como exemplo. Os pais, os maridos, deveriam ser os líderes em aprender, vivenciar e dizer: eu errei, perdoe-me.

É triste olharmos para o cristianismo e constatarmos que é tão comum homens cristãos acharem que eles não precisam jamais pedir perdão. Num sentido muito real, nosso filhos aprendem acerca de Deus primordialmente através do pai e da mãe. Os pais devem levar seus filhos religiosamente à igreja todo domingo desde pequenos até completarem seus 20 anos de idade. Eles podem ouvir toda sorte de sermões acerca da graça e da paz com Deus, mas se não experimentarem através da vida dos pais a aceitação que vem através do perdão, eles jamais vão entender o evangelho. Os maridos precisam demonstrar isso para com sua esposa, não só estando pronto para suprir suas necessidades, mas pronto a dizer: perdoe-me, eu estou errado. As necessidades delas são a sua motivação. O amor do marido cultiva, edifica e alimenta a vida da esposa e do lar

3) Padrão Governador
 Finalmente vamos falar sobre o padrão governador que encontramos em Ef 5:32,33:
Grande é este mistério, mas eu falo em referência a Cristo e ã igreja. Todavia também vós, cada um de per si, assim ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie a seu marido”. 

Estamos aqui falando sobre um mistério na Bíblia. Mistério não é algo que é não se pode conhecer, mas mistério é algo que é revelado apenas àqueles que têm fé. Esse tipo de amor, esse tipo de matrimônio é revelado apenas àqueles que têm fé. O mundo jamais entenderá o matrimônio cristão porque não pode entendê-lo. Só, aqueles que têm sua fé depositada em Cristo Jesus entendem esse tipo relacionamento. E esse é o triunfo da igreja! Ela pode anunciar isso em alto e bom som, mesmo em meio a imperfeições que ela própria tem. A idéia fundamental do texto é a seguinte: O próprio Senhor Jesus Cristo não é pleno sem a igreja. Em Efésios 1.22,23, há uma descrição feita por Deus, o Pai, sobre a exultação de Cristo Jesus: “... e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e para ser cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todas as coisas”. É claro que a igreja é chamada de corpo. Isso para nós é muito familiar, mas a igreja aqui também é chamada de “a plenitude dEle”, ou seja, a plenitude de Jesus Cristo. Isso significa que Jesus será completo, será pleno, apenas quando todos os eleitos tiverem sido agregados à igreja.

Concluo com esse pensamento bastante importante: Se Jesus Cristo é o cabeça da igreja e a igreja é o seu corpo, o seu corpo leva as marcas do seu sofrimento, o seu corpo leva as marcas da sua identidade. Qual é essa identidade que acaba se tornando padrão para maridos e esposas? Respondo a isso com uma palavra que vem do mundo da arquitetura. Se estudarmos a arquitetura das catedrais medievais, saberemos qual é o padrão do projeto arquitetônico das igrejas das catedrais medievais. É cruciforme. Se olharmos do alto para uma catedral medieval você vai ver que o formato é de uma cruz. Esse também é o formato do casamento cristão, essa é a planta, o padrão para o casamento cristão. Como maridos e esposas, estamos sendo chamados, conclamados por Deus, para edificarmos lares cruciformes. Nós não precisamos de mais cruzes penduradas no pescoço, nós não precisamos de mais cruzes como brincos e anéis, não precisamos de mais cruzes penduradas em frente do templo de nossas igrejas, mas nós precisamos da marca da cruz em nossos relacionamentos, de forma que as pessoas que nos vêem, reconheçam que nós, marido a mulher, pertencemos um ao outro, na vida e na morte, no corpo e na alma. Que estamos em Cristo Jesus.

 Amém.

Palestra proferida por Dr. Nelson Kloosterman no XIII Simpósio Os Puritanos/2004

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