Machen aceitou a cátedra de Literatura e Exegese do Novo Testamento no Seminário de Princeton em 1906 e ensinou até 1929. Foi licenciado em 1913, e aceitou a cátedra de professor assistente de Novo Testamento em maio de 1914. Em julho do mesmo ano, foi ordenado ministro pelo Presbitério New Brunswick, e, em 3 de maio de 1915, Machen pregou seu sermão de ordenação: “História e Fé”— “Um Evangelho independente da história é simplesmente uma contradição de termos”.
Machen tomou posição firme contra a influência sutil do liberalismo na Igreja Presbiteriana e no Seminário de Princeton. No seu livro “Cristianismo e Liberalismo” (1923), Machen prova que liberalismo e cristianismo históricos são duas religiões distintas. A lógica de sua oposição ao liberalismo levou ao inevitável confronto entre o Seminário de Princeton e a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América (PCUSA). Machen foi melhor conhecido na controvérsia fundamentalista-modernista. Com o fluxo do fundamentalismo e sua ortodoxia influenciando a corrente principal da Igreja para longe da ortodoxia bíblica, Machen se tornou uma voz firme e opositora.
Em 9 de janeiro de 1924, cento e cinquenta (e depois vários outros, chegando a um total de mil duzentos e noventa e três) ministros da PCUSA assinaram um documento chamado de Auburn Affirmation, no qual reafirmavam uma postura liberal, indicando que nenhuma doutrina poderia ser considerada “essencial” e que a Bíblia não se considerava “livre de erro”. Este documento, pretendendo se constituir em uma base de “liberdade de expressão” para os pastores, representava, na realidade, a rejeição de muitas doutrinas chaves da fé cristã. Machen considerou isso o último golpe da PCUSA. Ele enviou uma comunicação ao jornal Times de Nova York denunciando a denominação (PCUSA) por ter tomado uma posição claramente liberal, herética e sacrílega.
Machen havia sido levado à posição de apologeta em Princeton em 1926. Ele lutou para que o Seminário não seguisse o caminho da maioria liberal, e se esforçava de todas as maneiras para que houvesse um ressurgimento da parte conservadora e um retorno à fé reformada. Sua posição proeminente como principal voz conservadora fez dele o alvo favorito de ataque dos difamadores “ad nominem” por parte dos liberais aos quais ele se opunha, ou seja, eles procuravam atacar o seu caráter e reputação pessoal. Em 1926, Machen foi submetido a uma investigação e inocentado. Mas a difamação por parte dos seus acusadores influenciou muitos contra ele. Ele continuou a lutar valentemente para livrar o Seminário, porém em pouco menos de 3 anos mais tarde o Seminário de Princeton teria sua reestruturação infame estabelecida.
Em 18 de julho de 1829, Machen juntamente com outros professores descontentes com a situação em Princenton, incluindo outros que se firmariam como grandes eruditos da ortodoxia cristã, como Cornelius Van Til e Oswald T. Allis, reuniram-se e estabeleceram o alicerce de um novo Seminário que sustentava os padrões reformados que Princeton havia abandonado. Entre outros professores estavam Paul Wooley, John Murray, Rienki B. Kuiper, e com eles o Seminário Teológico de Westminster foi formado, com a aprovação dos seus estatutos e constituição na primavera de 1930. Em 25 de setembro daquele ano o Seminário de Westminster abriu as suas portas com uma aula dada pelo professor Dr. Robert D. Wilson.
Em 1934, o Supremo Concílio da PCUSA ordenou que Machen deveria cortar suas relações com a Junta de Missões Estrangeiras Independentes, uma agência missionária que ele mesmo havia organizado no início daquele ano e se tornado seu presidente. O Supremo Concílio afirmou que ela era inconstitucional. A Junta respondeu com um documento de 43 páginas intitulado: “Um Estudo na Constituição da PCUSA”. A ordem dada pela direção da Igreja era para que Machen, como presidente, dissolvesse a Junta sob acusação de ter quebrado seus votos da ordenação. Machen apelou. Em 20 de dezembro em Trenton, NJ, o presbitério foi convocado. As acusações apresentadas contra Machen foram as seguintes: 1) Violação do voto de ordenação; 2) Rejeição do governo e disciplina da Igreja Presbiteriana; 3) Desconsideração e desobediência às regras e à autoridade legítima da Igreja; 4) Defesa de uma rebelde afronta contra a legítima autoridade da Igreja; 5) Recusa de cortar suas relações com a Junta Presbiteriana de Missões Estrangeiras, conforme ordem expressa do Supremo Concílio; 6) Falta de zelo e fidelidade em manter a paz da Igreja; 7) Desprezo e rebelião contra seus superiores na Igreja, nos seus legítimos conselhos, ordens e correções; 8) Quebra de seus votos e juramentos e 9) Rejeição aos seus irmãos no Senhor.
O New York Times trouxe a manchete: “Presbitério Julga Machen Como Rebelde”. O julgamento teve lugar em fevereiro e março de 1935. Machen alegou “inocência” para todas as acusações. Foi negado à Machen a oportunidade de defesa, tendo sido ele declarado “culpado” em 29 de março de 1935, sendo suspenso do ministério na Igreja Presbiteriana (PCUSA).
O despojamento da Machen dividiu a PCUSA. Para cerca de um terço dos seus delegados esta era a última gota que faltava. Em 27 de junho de 1935, estes membros se encontraram e prepararam um documento chamadoPacto Constitucional de União, num último esforço para reformar a Igreja Presbiteriana.
O passo decisivo em direção a uma nova denominação foi tomado em 11 de junho de 1936. Machen foi eleito moderador da convenção. Seu sermão “A Igreja de Deus”, baseado em Atos 20:28, serviu como o diapasão de uma nova Igreja. O nome de Igreja Presbiteriana da América (PCA) foi adotado. A hostilidade da PCUSA se manifestou contra a Igreja nascente durante os meses que se seguiram, dando entrada em um processo legal contra o nome escolhido. O nome PCA foi abandonado e a igreja se tornou conhecida como Igreja Presbiteriana Ortodoxa (Orthodox Presbyterian Church – OPC), um nome mais coerente com o seu propósito de manter os padrões históricos reformados.
Machen morreu prematuramente em 1 de janeiro de 1937 de pneumonia na cidade de Bismark, estado de North Dakota. Suas últimas palavras foram: “Sou grato pela obediência ativa de Cristo sem a qual não há esperança”.
O cristianismo evangélico no mundo ocidental muito deve a Machen e às organizações por ele fundadas, por explicarem, com inteligência e coragem a verdade cristã histórica e por sua firmeza em defendê-la. Muitos eruditos evangélicos, bastiões da ortodoxia bíblica e defensores da Fé “uma vez dada aos santos”, vários dos quais se encontram em nosso Brasil, formaram-se nas instituições que surgiram como fruto da posição de coragem de Machen, ou foram influenciados e educados com uma alta visão da autoridade e inerrância da Palavra de Deus, pelos livros escritos pela geração de teólogos extraordinários que acompanharam Machen, ou da geração imediatamente seguinte. Ainda hoje, damos graças a Deus pela vida desse servo e pela forma como o Senhor possibilitou o seu firme alinhamento com as doutrinas chaves da fé cristã.
Manoel Canuto
Manoel Canuto
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