Fonte de Encorajamento Para a Pregação do Evangelho a Pecadores
Dr. Bennet Tyler (1783-1858)
“Teve Paulo durante a noite um
visão em que o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te
cales; porquanto eu estou contigo e ninguém ousará te fazer mal, pois tenho
muito povo nesta cidade” (Atos 18.9-10)
Os fatos aqui relatados ocorreram em
Corinto, cidade grega destacada pela sua riqueza e magnificência, e não menos
pela luxúria e licenciosidade. Paulo parece ter sido a primeira pessoa a pregar
O Evangelho naquela cidade. Sua pregação, embora tenha obtido algum sucesso
imediato, encontrou violenta oposição e ele parece ter ficado por um tempo
grandemente desencorajado. Ciente da sua completa insuficiência para acalmar a
inimizade dos judeus, ou para conter a torrente de impiedade que prevalecia
entre os gentios, ele estava quase pronto a desistir, e a procurar algum outro
campo de trabalho mais promissor.
Mas Deus, que conforta os abatidos,
apareceu-lhe em uma visão e prometeu estar com ele e protegê-lo. Também
assegurou-lhe que, embora a situação parecesse tenebrosa e desencorajadora, os
seus esforços ainda seriam coroados com significativo sucesso, pois disse-lhe:
“Tenho muito povo nesta cidade”. Encorajado
por essa declaração, permaneceu lá por um ano e seis meses, e teve um papel
decisivo na formação de uma grande e florescente igreja.
Em que sentido era verdade que Deus
tinha muito povo em Corinto? Não em que eles fossem verdadeiros crentes, pois
quando essa declaração foi feita muito poucos haviam abraçado a fé cristã. A
massa do povo continuava idólatra e entregue aos mais grosseiros vícios. Mas
havia muitas pessoas naquela cidade cujos nomes estavam no livro da vida, das
quais Deus tinha proposto fazer troféus da Sua graça – pessoas que Deus havia
dado a Cristo no pacto da redenção e que tinham sido predestinadas para a
adoção de filhos.
Mas, se elas tinham sido
dadas a Cristo e sido predestinadas para a vida eterna, que necessidade havia
de que Paulo lhes pregasse o Evangelho, ou que algum meio fosse usado para
efetivar sua conversão e salvação? Não serão salvos aqueles que Deus escolheu
para a salvação? Sem dúvida que sim; mas eles não serão salvos sem a
instrumentalidade dos meios, porque é parte do Seu divino propósito que eles
sejam salvos desta forma. A razão pela qual Deus determinara que Paulo
continuasse a pregar o Evangelho em Corinto era porque Ele tinha muitas pessoas
naquela cidade. Isso foi dito para o seu encorajamento, e foi a principal fonte
de encorajamento que ele teve para perseverar em seus labores. Ele sabia que
essas pessoas estavam mortas no pecado. Ele sabia que todos os seus esforços
para despertá-las para a vida espiritual eram totalmente impotentes; e que, por
consequência, elas iriam inevitavelmente perecer, a menos que Deus se
interpusesse pela Sua graça. Quão animadora portanto deve ter sido para ele a
compreensão de que Deus não tinha destinado todos os habitantes daquela grande
cidade para uma completa destruição, mas havia determinado, através da sua
instrumentalidade, trazer multidões das trevas para a Sua maravilhosa luz! E
essa consideração susteve Paulo não só em Corinto mas em todos os lugares onde
era chamado para pregar o Evangelho, “Tudo
suporto”, desse ele, “por causa dos
eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus com
eterna glória” (II Tm 2.10). A mesma consideração deveria nos suster e
encorajar em nossos esforços para promover os interesses do reino de Cristo na
terra. Eu retiro do texto, portanto, a seguinte doutrina:
“O fato de Deus ter um povo escolhido na terra provê o
encorajamento para a pregação do Evangelho, ou para se empregar os meios para a
salvação de pecadores”
Tradução de Ronaldo Pernambuco
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