Por
Phil Johnson
Todo
membro da raça de Adão nasce totalmente depravado, caído, alienado de Deus, e
em escravidão ao mal. Em Romanos 6, Paulo chama isso de escravidão ao pecado.
Ele diz, além disso, em Romanos 6:20, que as pessoas que são escravas do pecado
são totalmente destituídas da verdadeira retidão. Todos os que estão em tal
estado de pecado e incredulidade são inimigos de Deus (Romanos 5:8,10). Eles
são "estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras
malignas" (Colossenses 1:21)".
Totalmente
→
A depravação
humana é "total" da
mesma forma que a morte é
total. Você
não pode estar
parcialmente morto. Você
pode estar muito, muito doente ou extremamente machucado e sendo mantido por
aparelhos, mas você ou está morto, ou vivo. Não existem graus de morte.
De
fato, quando a Bíblia descreve a depravação humana, normalmente utiliza a
linguagem da morte espiritual.
Efésios
2, por exemplo, diz que as pessoas em seu estado decaído estão mortas em
delitos e pecados — espiritualmente mortos (v. 1). Eles andam em mundanismo e
desobediência (v. 2). Eles vivem segundo as inclinações da carne, enquanto
"fazendo a vontade da carne e dos pensamentos" e são, "por
natureza, filhos da ira, como também os demais" (v. 3). Eles estão
"sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da
promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo" (v. 12).
Em
Romanos 8:6, Paulo diz que "o pendor da carne dá para a morte". Ele
está falando sobre a mentalidade carnal da incredulidade, descrevendo o que
significa ser totalmente depravado. Ele segue adiante dizendo (v. 7-8): "O
pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus,
nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a
Deus".
Em
outras palavras, a morte espiritual é uma total inabilidade de amar a Deus, uma
total inabilidade em obedecê-lO, e uma absoluta incapacidade de agradá-lO.
Ora,
muitos não-cristãos negarão que eles são hostis a Deus. Mas eles estão se
auto-iludindo. Na verdade, muitos que invocam o nome de Cristo e reivindicam
amar a Deus não amam, de fato, o Deus da Bíblia. Eles amam um deus que só
existe na imaginação deles — um deus tolerante, profano, passivo, frágil e
fraco. Esse não é o Deus da Bíblia. O Deus da Bíblia é santo demais para o
gosto dos pecadores. Ele é irado demais contra pecado. Os Seus padrões são por
demais elevados. As Suas leis não estão de acordo com a preferência deles.
Portanto, apesar deles professarem amar a Deus, não amam o verdadeiro Deus que
se revelou nas Escrituras. Eles não são capazes de amá-lo.
Incapacidade de Amar
a Deus → A incapacidade de
amar a Deus como devemos é
a própria essência da depravação total. Ela
torna-nos impotentes para cumprir o primeiro e grande mandamento: "Amarás,
pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o
teu entendimento e de toda a tua força" (Mc 12:30)". Portanto, tudo o
que o pecador faz é permeado pelo pecado, porque ele está vivendo a vida em
violação constante do mandamento mais importante de todos.
Por
outro lado, "depravação total" não significa que todos os pecadores
sempre são tão ruins quanto podem ser. Não significa que todo incrédulo viverá
a sua depravação integralmente. Não significa que todos os não-cristãos são
moralmente iguais a animais irracionais ou serial killers. Não significa que
pessoas não-convertidas são incapazes de cometer atos de bondade ou
benevolência para com outros seres humanos. Na verdade o próprio Jesus declarou
que os incrédulos fazem bem às pessoas em troca do bem que é feito a eles
próprios (Lc 6:33).
A
raça humana foi criada à imagem de Deus. Embora o pecado tenha corrompido
aquela imagem, até mesmo não-cristãos são capazes de subir a altos níveis de bondade
humana, honestidade, decência e excelência. Depravação "total" não
significa que toda mulher não salva deve ser uma terrível bruxa, ou que todo
homem não-crente é um psicopata degenerado. Significa que incrédulos, aqueles
que estão na carne, não podem agradar a Deus. Assim
a palavra "total" em "depravação total" refere-se à
extensão da nossa pecaminosidade e não ao grau em que nós a manifestamos.
Significa que o mal contaminou todos os aspectos do nosso ser — nossa vontade,
nosso intelecto, nossas emoções, nossa consciência, nossa personalidade, e
nossos desejos.
O Coração Corrompido
→
Usando terminologia bíblica,
o pecado corrompeu totalmente o coração humano. Jeremias 17:9 diz,
"Enganoso é
o coração, mais do que todas
as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" Se o coração é
corrupto, toda a pessoa está contaminada.
Descrevendo
nossa depravação como corrupção do coração, as Escrituras deixam claro que o
real problema conosco encontra-se no centro do nosso ser. Nossa própria alma é
infectada pelo pecado. Nada em nós permanece puro. Nossa tendência para pecar é
inflexível e, no final das contas, inconquistável. O pecado, então, define quem
nós somos.
Diante
de um Deus perfeitamente santo e impecavelmente íntegro nós somos profanos,
pecadores, completamente degenerados — não importando quão bons aparentemente
sejamos em termos humanos. Ser verdadeiramente íntegros não é meramente difícil
para nós; é impossível.
Isso
é tão verdade sobre alguém como Mahatma Gandhi ou Madre Teresa como é sobre
Adolph Hitler ou Jeffrey Dahmer1. A relativa bondade das melhores pessoas do
mundo nunca é suficiente para merecer a aprovação de Deus. Seu único padrão é a
perfeição absoluta. O melhor dos pecadores não chega nem perto.
Vejamos
uma ilustração: suponhamos que todos os leitores de Pyromaniacs fossem
enfileirados em Point Dume (a praia mais próxima da minha casa), e todos nós
tentássemos nadar até Cingapura. A maioria de nós provavelmente se afogaria
antes de atingir Catalina — que fica apenas a 42 quilômetros. Uma coisa é
certa: Ninguém chegaria a Cingapura. Todos nós estaríamos mortos muito antes da
meta ser atingida. Se eu fosse um jogador (e eu não sou) eu apostaria tudo o
que tenho que ninguém chegaria até mesmo até o Havaí, que fica a menos da metade
do caminho.
Uma
pergunta: Será que aqueles que morreram antes de nadar duas milhas são piores
do que aqueles que morreram a trinta e sete quilômetros da praia? É claro que
não. Todos estariam igualmente mortos. A meta era tão desesperadora para o
nadador especializado e ultra-treinado, como para o sujeito gordo que fez seu
treinamento sentado em frente a um computador escrevendo em seu blog o dia
inteiro.
É
assim que as coisas são com o pecado. Todos os pecadores estão condenados
diante de Deus. Até mesmo os melhores da descendência de Adão são completamente
pecadores no coração. Não importa quão bons eles possam parecer pela lente do
julgamento humano, eles estão exatamente na mesma condição desesperadora do
mais vil degenerado — talvez até em um estado pior, porque é mais difícil para
eles reconhecerem o seu pecado. De forma que eles combinam o seu pecado com a
auto-justificação.
A Religião Prova a
Corrupção → As pessoas estão preparadas para
serem chamadas de pecadoras no seu pecado, mas elas não querem ser
rotuladas de pecadoras na sua religião. Mas isso é crucial: A religião humana
não contradiz a depravação. Ela a confirma e prova. A religião humana coloca
outros deuses no lugar legítimo do verdadeiro Deus. É a própria essência do
ódio a Deus. É falsa adoração. Nada além de uma tentativa de depor o próprio
Deus. É a pior expressão da depravação.
Lembrem-se:
Foram os fariseus que Jesus condenou com a injúria mais severa que Ele jamais
proferiu. Por quê? Afinal de contas, eles acreditavam que as Escrituras eram
literalmente verdade. Eles tentavam obedecer rigidamente à lei. Eles não eram
como os Saduceus, liberais religiosos que negavam o sobrenatural. Eles eram os
fundamentalistas teológicos dos seus dias.
Entretanto,
eles se recusaram a reconhecer a falência dos seus próprios corações. Eles
confiaram em si mesmos de que eram íntegros e continuaram a tentar estabelecer
a sua própria retidão, em vez de submeterem-se à retidão de Deus (Romanos
10:3). Lembram-se do que eles disseram ao cego de nascença em João 9:34?
"Tu és nascido todo em pecado" — como se eles não fossem.
Em
outras palavras, eles rejeitaram a doutrina da depravação total, e isso
conduziu à sua absoluta condenação. Jesus disse: "Os sãos não precisam de
médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores" (Mc
2:17). "Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido" (Lc
19:10).
Boas Obras Corruptas
→
Eles pensavam que todas as suas boas obras os tornavam justos. Mas religião e boas obras não
cancelam a depravação. A depravação corrompe até as formas mais elevadas de
religião e boas obras. George Whitefield disse que Deus poderia nos condenar
pela melhor oração que nós pudéssemos fazer. John Bunyan concordou. Ele disse
que achava que a melhor oração que ele já tivesse feito tinha pecado suficiente
nela para condenar o mundo inteiro. Isaías escreveu: "Mas todos nós somos
como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós
murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos
arrebatam" (Is 64:6).
Pecadores
não remidos são, portanto, incapazes de fazer qualquer coisa que agrade a Deus.
Eles não podem amar o Deus que se revela nas Escrituras. Eles não podem
obedecer à lei de coração, com uma motivação pura. Eles não podem sequer
compreender a essência da verdade espiritual. 1Co 2:14 diz: "O homem
natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente". Incrédulos são,
portanto, incapazes de ter fé. E "sem fé é impossível agradar a Deus"
(Hb 11:6).
A
palavra chave em tudo isso é incapacidade. Pecadores são totalmente incapazes
de responder a Deus, à parte da Sua graça capacitadora. Este é o ponto de
partida para um entendimento saudável e bíblico da soteriologia. Sobre este tema veja mais em “A Vergonha do Pecado”: http://ospuritanos.blogspot.com/p/revistas.html
Extraído do blog www.bomcaminho.com
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