Maridos Cristãos (1)


Por Dr. Nelson Kloosterman

PRIMEIRA PARTE
Vamos nos concentrar no ensinamento da Palavra de Deus com relação ao papel do homem no lar. Mas antes de irmos diretamente a Efésios que é o foco para nosso ensino, seria bom ver primeiro 1Tessalonicenses 4.3-8:

Porque esta é a vontade de Deus, a saber, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santidade e honra, não na paixão da concupiscência, como os gentios que não conhecem a Deus; ninguém iluda ou defraude nisso a seu irmão, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos. Porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação. Portanto, quem rejeita isso não rejeita ao homem, mas sim a Deus, que vos dá o seu Espírito Santo.

Creio que este texto é dirigido primordialmente para homens cristãos, embora não exclusivamente. Entre outras coisas ele trata do preparo para o casamento. Há uma diferença entre a prática do namoro e o cortejar. Tanto no meu país, os Estados Unidos, como no Brasil, há a prática do namoro onde as pessoas têm um tipo de relacionamento rápido umas para com as outras. São relacionamentos tão rasos quanto rápidos. É o tipo de relacionamento entre homem e mulher que aparece bem nas novelas brasileiras. Creio que como cristãos temos, não só a oportunidade, mas também o dever de mostrar ao mundo que temos um padrão diferente nesta área. É aqui que os pais entram como peças muito importantes ao passar ensinamentos bíblicos para os filhos. O preparo para o casamento dos filhos começa quando eles nascem, de forma que, quando se tornam adolescentes, jovens e adultos, é muito importante que os pais tornem-se ativamente interessados nos relacionamentos que seus filhos passam a ter. É isso que normalmente quer dizer o termo “cortejar”.

O princípio do cortejar é o reconhecimento da autoridade dos pais na vida dos filhos. Repito: a autoridade dos pais. Podemos encontrar literatura que fala a respeito de cortejar e onde a autoridade é colocada exclusivamente nos ombros do pai. A forma que funciona é a seguinte. Um jovem bastante nervoso e trêmulo deseja conhecer uma moça, mas ele tem que passar por cima de um obstáculo bastante grande: o pai da moça. Então ele vai até a casa para conhecer o pai da garota. O pai, quem sabe, tem bigode, cavanhaque, e dá uma olhada por cima dos óculos para o rapaz. Aquele jovem pergunta ao pai da garota se ele pode começar a ter um relacionamento com ela. Estão até fazendo filme a esse respeito hoje em dia. Parece até hilário para nós, mas eu quero incluir a mãe junto com o pai nesse processo. Há agora dois obstáculos: pai e mãe.  Eu não os considero como obstáculo, mas como direcionadores sábios e abalizados.

 Eu mesmo não sei o que teria feito ao tratar desses relacionamentos, especialmente de rapazes cortejando minhas filhas, sem a participação de minha esposa. Deus criou as mulheres com um sexto sentido e foi esse sexto sentido que fez com que minha esposa pudesse olhar dentro daqueles jovens que queriam cortejar nossas filhas. Frequentemente ela tem percepções que são bem mais apuradas que as minhas. É por isso que eu quero encorajar os pais a se envolverem juntos na vida de seus filhos nesse sentido, de forma que conversem frequentemente, abertamente, constantemente com eles a respeito de casamento. Vocês devem desencorajá-los quanto aos relacionamentos vazios e rasos, e encorajá-los desde cedo quanto aos relacionamentos sérios, lembrando-lhes que estes são sempre no Senhor.

 O preparo para o casamento começa no cortejar. Quero dizer que não é bíblico um jovem crente começar um relacionamento sério com uma jovem não-crente. Isso é algo não negociável e você precisa ensinar isso a seus filhos antes que eles atinjam os dezesseis anos de idade, porque a partir dos dezesseis anos eles não vão gostar muito de aprender novas lições com relação a esses assuntos. O motivo de estarmos tratando disso quando vamos tratar sobre os homens cristãos é porque os homens são responsáveis por estipular o padrão do relacionamento no cortejar. A disposição de um jovem em conversar assuntos espirituais com a moça que está cortejando é um sinal de maturidade no Senhor. Sua disposição de ler a Bíblia e de orar por ela é um sinal de felicidade futura. Por favor, não cometa aquele triste erro de achar que no dia do casamento e daí em diante tudo vai ficar melhor. Eu ensino a homens no Seminário que vão tornar-se ministros do evangelho e tenho um ditado predileto que eles me ouvem pronunciar com frequência: “Como é no seminário, assim será no pastorado”. Se enquanto alunos no Seminário eles não têm a sua hora silenciosa com o Senhor, não é depois no pastorado que eles vão se disciplinar a isso. Digo a esses jovens estudantes que, se eles não têm tempo para a esposa agora que são alunos do seminário, não terão tempo quando se tornarem pastores. Agora eu vou tomar esse ditado e aplicá-lo ao cortejar o casamento. Jovens, assim como é no cortejar, assim será no casamento. As suas atitudes, a forma como você trata a sua companheira no cortejar, essas atitudes não vão melhorar a partir do dia que você se casar com ela.

Muitos casamentos já são arruinados durante o cortejar, são arruinados por ações nada cristãs, por imoralidade ou ignorando as simples disciplinas da vida cristã.

Efésios 5.25-33.
Vamos ver nosso chamamento espiritual como maridos cristãos. Do versículo 25 até o versículo 28 encontramos o Preceito Norteador; nos versículos 29 ao 31 aprendemos o Princípio Fixador, e nos versículos 32 e 33 nós aprenderemos o Padrão Governador. Mais uma vez temos: um preceito, um princípio e um padrão.

1) Preceito Norteador
Qual é o preceito central, o âmago, o cerne, para que os maridos o aprendam? Está no versículo 25: “Maridos, amai vossas mulheres”. Tenho certeza que vocês já aprenderam que na Bíblia há três tipos de amor. O amor eros, que é o tipo de amor que provoca os impulsos da carne, ou seja, o erotismo; há o amor fileo, que é o amor de amizade, e há o amor agape que nos relembra de João 3.16.

É frequente ouvirmos das pessoas que o amor que falamos é o amor erótico que pertence ao mundo. Isso é um tanto desencaminhador. Explico porquê. É claro e óbvio que o mundo frequentemente expressa um amor que vai um pouco além desse amor erótico. É verdade que nas músicas que temos no mundo secular, nos filmes, programas de televisão o que é explorado é praticamente só o amor erótico e isso nos leva, como crentes, a pensar que o amor erótico não serve para crentes. Isso pode nos levar a concluir que o amor erótico não é piedoso, não é cristão e que dentro de um relacionamento cristão não pode haver amor erótico. Isso está errado. Deus é o criado do amor erótico. Ele nos criou para desfrutarmos do corpo um do outro no casamento. Precisamos entender que a graça não anula a criação, não joga no lixo a criação, ela restaura a criação. Então, no casamento existe o desejo de um para o outro, uma proximidade íntima e física de um para com o outro.
Você sabe qual é a diferença entre a sexualidade de um não-crente e a de um crente? A sexualidade cristã doa, a sexualidade incrédula recebe, puxa para si. A beleza da sexualidade cristã é que nós refletimos no nosso relacionamento físico a disposição do criador de doar-se a si mesmo.

O segundo tipo de amor que citamos (fileo), envolve o companheirismo. Espero que muitos de nós tenhamos amigos que sejam para vida inteira. Pessoas que partilham os mesmos interesses que nós, quem sabe, pessoas com quem crescemos ou pessoas que desfrutam as férias conosco. A amizade é uma dádiva de Deus. Amigos verdadeiros, genuínos, são algo muito difícil de se achar. São pessoas que nos amam a despeito das nossas falhas e são pessoas que nós amamos a despeito das falhas que elas têm. Isso também pertence ao casamento. O casamento deveria se tornar uma espécie de amizade, onde partilhamos um do outro as experiências da vida, onde partilhamos vários interesses. Sempre vejo uma das maiores contradições desse tipo de amor no casamento. É quando os maridos tiram férias ou abraçam um hobby que deixa a esposa completamente fora, ou quando a esposa tira férias ou desfruta de um hobby longe do marido. Em lugar de nos separarmos um do outro dentro do casamento, o casamento deveria nos unir mais e mais.

Porém o que é singular ao casamento cristão é o amor agape, o amor visto em João 3.16. Sabe qual é a aparência desse amor? Sabe como ele é manifestado? Não é o tipo de amor celebrado nas músicas de rock and roll, não é o tipo de amor que é exibido nas telas de cinema. O amor cristão tem a seguinte aparência: é o tipo do amor que nega seus próprios interesses e se nega a gratificar seus próprios prazeres. O marido é chamado a amar a sua esposa das três formas. O marido é chamado a amar sua esposa com amor erótico, amor filial (amigo) e amor sacrificial.

 Devemos amar nossas esposas assim como Cristo amou a sua igreja e a si mesmo se entregou por ela. Lembramos-nos de que as esposas são ensinadas pela palavra de Deus a serem submissas aos seus maridos. Isso significa que elas não devem tomar nenhuma atitude independente do marido. Os maridos são conclamados a amarem as suas esposas. Isso significa que o marido não deve tomar nenhuma atitude que não tenha em mente a necessidade da esposa. Eles nada devem fazer sem ter em mente o interesse da esposa. Tudo que o marido faz, tudo que o marido pensa deve visar o bem estar da esposa. Pense no relacionamento de Cristo para com a igreja. Somos desafiados a mostrar apenas uma coisa que Jesus tenha feito que não tivesse a igreja em mente. Uma coisa só! Será que conseguimos pensar em alguma coisa? A encarnação? A circuncisão? O Seu batismo no Rio Jordão? As tentações? Tudo o que Jesus fez antes, durante e depois de sua vida na terra Ele fez e faz por amor a sua igreja. Esse é o tipo de amor que Jesus pede que maridos expressem para com suas esposas. “Maridos, amai vossas mulheres”. Que as necessidades da esposa sejam aquilo que impulsionem as ações e reações dos maridos cristãos.

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