O eterno
e imutável propósito
de Deus é que
todo aquele
que Lhe
pertence de forma
especial , todo
aquele a quem
pretende trazer ao Seu
bem-aventurado gozo
eterno , tem, antes
de tudo , que
ser santificado.
Se em
tudo o que
formos — nossas inclinações , profissão de fé ,
honestidade moral ,
utilidade para os outros ,
reputação na igreja
— não formos santos
individualmente , espiritualmente
e evangelicamente, não estamos entre aqueles que , pelo eterno propósito de Deus , foram escolhidos para
a salvação e glória eternas.
A santidade
é o meio indispensável
para se obter salvação e glória . “Escolhi aqueles
pobres pecadores
perdidos para serem meus
de forma especial ”,
diz Deus . “Escolhi salvá-los trazendo-os
através de meu
Filho , por
intermédio da Sua
mediação, para a glória
eterna . Mas faço-o segundo
meu propósito
e decreto para
que sejam santos
e inculpáveis diante
de mim em
amor . Sem
a santificação que
procede da obediência em amor a mim , ninguém jamais entrará na minha
glória eterna ”.
A
Santificação É Indispensável
A santificação
é prova de eleição
A única
prova da nossa
eleição para
a vida e a glória
é a santificação operada em cada fibra do nosso ser . Assim como a nossa vida , a nossa
consolação depende também da santificação (2Tm.2:19). O decreto
da eleição é o bastante
para dar segurança
contra a apostasia
nas tentações e provações
(Mt.24:24).
Especificamente, não somos apenas
obrigados a acreditar
em todas as revelações
divinas, mas temos também
que crer
nelas conforme nos
são apresentadas pela
vontade de Deus .
O evangelho requer que
se creia na vida eterna ,
mas ninguém ,
que ainda
vive em seus
pecados , precisa
acreditar na sua
salvação eterna .
Os parágrafos
a seguir destroem essas objeções :
(i) O decreto da eleição
em si
mesma , absoluta ,
sem a consideração
de seus resultados ,
não faz parte
da vontade revelada de Deus . Não está
revelado se esta ou aquela pessoa é ou não eleita (Dt.29:29). Portanto ,
isso não
pode ser utilizado como
argumento ou
objeção sobre
nada que
envolva a fé e a obediência .
(ii) Deus enviou o Seu
evangelho aos homens
para que o Seu decreto de eleição fosse cumprido e levado
à sua concretização. Ao pregar
o evangelho , Paulo diz que tudo suportou
“por causa
dos eleitos, para que
também eles
obtenham a salvação que está em Cristo
Jesus, com eterna
glória ” (2Tm.2:10). Deus ordena que
Paulo permaneça e pregue o evangelho em Corinto porque
Ele tinha
naquela cidade “muito
povo ” (At.18:10), isto é, aqueles
a quem Ele
havia graciosamente escolhido para a salvação. Veja também
Atos 2:47; 13:48.
(iii) Em todo o lugar que chega , o evangelho
proclama a vida
e a salvação por Jesus Cristo a todo o
que vai crer ,
se arrepender e se render
em obediência
a Ele . O evangelho
faz com que
os homens saibam plenamente
qual é o dever
e a recompensa deles. Nessas circunstâncias
somente a arrogância e a incredulidade podem usar o
desígnio secreto de Deus
como desculpa
para continuarem pecado.
A forma
que Deus
estabeleceu para sabermos se somos ou não eleitos
é pelos frutos
da eleição em
nossas próprias almas .
A mesma
coisa acontece com
a eleição . Exige-se que
se creia na doutrina porque ela está
na Escritura e é claramente
proclamada no evangelho ; mas quanto à sua própria eleição , não se
exige que ninguém
creia nela até que ,
pelos seus
próprios frutos ,
Deus lha revele. Assim ,
ninguém pode dizer
que não
é eleito até que
sua condição
prove que não
o seja porque os frutos
da eleição jamais
podem operar nele. Esse
frutos são
a fé , a obediência
e a santificação (Ef.1:4; 2Ts.2:13;
Tt.1:1; At.13:48).
A doutrina
da eleição de Deus
é ensinada em toda
parte da Escritura
para o encorajamento e a consolação dos crentes e para motivá-los a
serem mais obedientes
e santificados (Ef.1:3~12; Rm.8:28~34).
A graça
e o amor de Deus
na eleição , soberanos
e para sempre
reverenciados, são fortes
motivos para
a santificação , e a única
maneira de demonstramos gratidão a Deus
é agradar-lhe com a santidade
de vida . Será que
um crente
verdadeiro diria: “Deus me elegeu para a vida eterna , portanto
vou pecar o tanto
que quiser, pois
jamais perecerei nem
serei condenando”?
A eleição
também nos
ensina o amor ,
a benevolência , a compaixão
e a tolerância para
com todos
os crentes , que
são os santos
de Deus (Cl.3:12, 13). Como ousaremos alimentar pensamentos grosseiros
e severos , e alimentar
animosidade e inimizade contra qualquer
um daqueles a quem
Deus escolheu para
a graça e glória ?
(Veja Rm.14:1, 3; Paulo tudo fez por causa dos eleitos).
A eleição
nos ensina
o desprezo pelo mundo e por tudo o que lhe pertence. Escolheu-nos Deus
para constituir-nos reis
e imperadores do mundo ? Levantou Deus o Seu
eleito para ser rico , nobre e honorável entre
os homens para
que seja proclamado: “Assim se fará ao homem
a quem o rei
[do Céu ] deseja
honrar ”? Escolheu-nos Deus para nos guardar de dificuldades , perseguições, pobreza ,
vergonha e reprovações no mundo ? Paulo nos
ensina bem o contrário (1Co.1:26~29).
Tiago nos mostra como deve viver um eleito de Deus
(Tg.1:9~11). O amor na eleição é motivo
e encorajamento para a santidade
por causa da graça que
podemos e devemos esperar de Jesus Cristo (2Co.12:9). A eleição
de Deus nos
dá a certeza de que
a despeito de todas as oposições e dificuldades
que enfrentarmos, não
seremos total e finalmente
condenados (Rm.8:28~39; 2Tm.2:19; Hb.6:10~20).
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Extraído e traduzido do
livro “O Espírito Santo” do grande teólogo puritano inglês John Owen e que será
publicado pela Editora
Os Puritanos
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