William Macleod
O que os cristãos devem buscar quando chamam um homem para ser ministro deles? O que eles devem pedir em oração para que Deus faça com seus ministros? O que os ministros e os estudantes de teologia devem se esmerar para serem?
UM HOMEM SANTO
O mais essencial, evidentemente, é que o ministro seja nascido de novo. Nem todos os ministros o são. Alguns como Alexander Henderson e Thomas Chalmers começaram seus ministérios na condição de não-convertidos e posteriormente foram salvos e tiveram seus ministérios transformados. Muitos hoje demonstram, por suas falhas na pregação do Evangelho, que nunca tiveram seus próprios corações tocados. Regeneração é o primeiro passo para a santidade. O Espírito entra na vida do indivíduo operando a fé, o arrependimento e iniciando o processo de santificação. O que é santidade? Em termos simples, é a obediência à vontade revelada de Deus em sua totalidade. Isto significa amar a Deus de todo o coração e pô-lo em primeiro lugar em nossas vidas, negando-nos a nós mesmos e centrando nossa atenção nas coisas do alto. Isto envolve temer a Deus, buscar conhecê-lo mais e mais, andar com Ele e se deleitar nele antes de tudo. O ministro santo se esforça em busca da pureza, honestidade, resignação e moderação em todas as coisas. [William Murray] McCheyne teria dito que um ministro santo é uma arma afiada nas mãos de Deus.
UM HOMEM HUMILDE
Deus é um Deus zeloso. A salvação é obra dele. Sem ele não podemos fazer nada. Ele se ofende e se aborrece com os ministros que tentam desviar alguma glória para si pelo sucesso de seus ministérios. Falamos daquilo que acontece em nossa igreja, aquilo que conseguimos alcançar — o crescimento, as conversões. Falamos como se isto fosse ao menos em parte mérito nosso — por nosso trabalho duro, nossa bela pregação, nossa habilidade comunicativa, nossa capacidade pastoral, nosso evangelismo ou mesmo nossa santidade e orações. Acredito que esta seja a principal razão por que vemos tão poucos frutos em nossas igrejas hoje.
UM HOMEM FIEL
Pensando nas dificuldades do ministério, Paulo perguntou certa vez: “Quem é suficiente para estas coisas?” (2Co. 2:16). Por todos os lados nos deparamos com hostilidades ou com algo que é muito pior, apatia. As pessoas simplesmente não estão interessadas em nossa mensagem. Eles não sentem nenhuma necessidade de Cristo. Eles estão contentes com seus bens e prazeres e não têm qualquer temor a Deus. Pregamos a ossos. Não temos nenhum poder para levantar um morto. Temos como opositor um poderoso inimigo, Satanás, que às vezes é como um temível dragão ou leão rugidor, e em outras aparece como um anjo de luz. O ministro ideal deve olhar para o alto, ver o trono e pôr sua fé naquele que diz: “Todo poder me foi dado tanto no céu como na terra” (Mt. 28:18). Nós devemos crer que esse Deus é capaz e pode.
UM HOMEM AMOROSO
O ministro ideal precisa ter um grande coração. Deve amar sua congregação, o rebanho de Deus entregue a seu cuidado, mas também todos os pobres pecadores perdidos que estão à volta. Jesus chorou por Jerusalém quando pensou nos privilégios e no juízo que recairia sobre ela. Paulo disse: “eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne” (Rm 9:3). Cuidado com o profissionalismo. Torne-se emocionalmente envolvido com o seu povo, chorando com aqueles que choram e se alegrando com aqueles que se alegram. Ofenda-os se for necessário, mas com lágrimas. Além disso, os nossos corações devem ficam pequenos quando vemos nossos vizinhos e compatriotas descendo loucamente a ladeira que conduz ao inferno.
UM HOMEM DE ORAÇÃO
Jeremias, ministro do Antigo Testamento, é um grande homem de oração, constantemente falando com Deus, contando a Ele suas tristezas, suas mágoas, seus pesares e suas alegrias. Paulo afirma a várias igrejas que está orando sem cessar. Cristo nos encoraja: “Pedi, e dar-se-vos-á” (Mt. 7:7). Você dá boas dádivas a seus filhos; quanto mais Deus dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem (Lc. 11:13). A presença do Espírito nos torna poderosos e eficientes, porém sua ausência nos deixa fracos. Há muitas coisas pequenas pelas quais é correto orar, mas devemos, de uma forma especial, lutar corpo-a-corpo por reavivamento. Lembre-se de John Welsh, que gastava até oito horas por dia orando: “Deus, dá-me a Escócia”. O ministro ideal é um homem de oração.
UM HOMEM ESTUDIOSO
Paulo disse a Timóteo: “Procura apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2:15). Antes havia dito: “Até a minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino” (1Tm 4:13). Alimente sua própria alma e então você estará apto para alimentar outras. Dedique-se aos melhores livros. Atualmente, há uma grande quantidade de joio à nossa volta. Estude os clássicos — Calvino, o puritano [Jonathan] Edwards, Spurgeon, os homens de Princeton, os antigos homens da Igreja Livre e outros como estes. Leia e medite constantemente nas Escrituras. O ministro que negligencia o estudo não manterá renovada sua pregação.
UM HOMEM ZELOSO
O ministro ideal é impetuoso e de sangue ardente; porque ama a verdade e lutará sinceramente por ela. Ele deve distinguir entre verdades primárias e secundárias, mas morrerá pelos fundamentos da fé. Tendo preparado cuidadosamente seu sermão, buscará se certificar de que ele está recheado de pontos importantes. Se o sermão é uma pregação digna, ele é dignamente pregado de todo o coração. Você sabe disso. Você supera sua timidez natural e olha a congregação nos olhos e pleiteia deles uma resposta. De Cristo se ouve: “O zelo de tua casa me consumiu” (Jo 2:17). O ministro ideal prega com o coração exposto. Semelhantemente, no trabalho pastoral, não há espaço para trivialidades.
UM HOMEM QUE EVANGELIZA
A fé vem pelo ouvir, mas “como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!” (Rm 10:14-15). Uma parte da grande obra do ministro é trazer a alegre mensagem das boas novas. As pessoas não serão convertidas a menos que ouçam o Evangelho. Isto coloca uma responsabilidade terrível sobre o ministro. É provável que sejam poucos não-convertidos dentro das nossas igrejas, mas devemos pregar evangelisticamente. Contudo, não devemos confinar nosso evangelismo ao templo. “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16:15). O ministro ideal sai a toda humanidade em nome de Deus como embaixador dEle, clamando por arrependimento e oferecendo livremente Cristo aos pecadores.
UM HOMEM PERSISTENTE
A obra do ministério é árdua. Nenhuma tarefa é mais exigente. É uma vida — 24 horas por dia, sete dias por semana, as 52 do ano. Em certo sentido, não há feriados e nem aposentadoria. As pessoas lhe machucarão, mas você não deve voltar atrás. O mundo dirá: renuncie! Satanás dirá: renuncie! E a carne dirá: renuncie! Mas o ministro atreve-se a dizer: não! Outros podem renunciar e ir embora, mas ele não pode. Deve permanecer onde está, até Deus dizer que deve sair. Essa é uma grande obra. Nenhum serviço na terra tem mais importância. Algo que durará eternamente está sendo edificado. Embora às vezes chorando e com o coração ferido, o ministro ideal levanta seus joelhos, enfaixa suas feridas, limpa suas lágrimas, encoraja-se no Senhor e segue avante.
UM HOMEM UNGIDO
Acima de tudo, o ministro ideal é um homem ungido. Sem o Espírito tudo é em vão. O ministro ideal deve falar no Espírito; orar no Espírito; pastorear, evangelizar e pregar no Espírito. Deve ser otimista buscando o Espírito para que Ele faça aquilo que o ministro não consegue. Deve ansiar por reavivamento. A situação mais negra pode ser transformada — de fato, é freqüentemente mais escuro antes da alvorada. Vivemos dias de grande necessidade espiritual. Os cristãos são mundanos e os pecadores estão endurecidos. Mas as mãos do Senhor não estão encolhidas, que não possa salvar. Oh, quem dera homens ungidos com o Espírito Santo de Deus!
William Macleod é ministro presbiteriano da Thornwood Free Church of Scotland (Glasgow); conferencista do XVII Simpósio Os Puritanos de 2008
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