Os Cinco Pontos do Calvinismo - parte 03

A ELEIÇÃO REQUER A EVANGELIZAÇÃO
Muitos perguntam: Se a Bíblia diz que os eleitos serão salvos inevitavelmente, por que pregar o Evangelho?

Esta pergunta revela total incompreensão da doutrina da Soberania de Deus na salvação. A Eleição é feita na eternidade, mas sua concretização é um processo que se dá no tempo, dentro da história. Muitos fatores participam desse processo. E o mais importante é a pregação do Evangelho. Não esqueçamos que o decreto soberano e eterno de Deus não só visa o fim, e exclui os meios. Não; antes, Deus preordenou tudo de forma que o homem eleito para a salvação, só a receberá através da fé em Cristo, e esta fé vem pela pregação do Evangelho. A fé salvadora vem pela Palavra de Deus.

O pregador do Evangelho tem de dizer ao pecador, não apenas que a salvação é pela graça soberana, mas também que, para ser salvo, ele precisa CRER em Cristo como salvador e Senhor. E como eles são eleitos, crerão e serão salvos com toda segurança. Mas também temos de dizer que aqueles que não crerem, a ira de Deus permanecerá sobre eles. Porém o método de salvação dos eleitos é a pregação da Palavra de Deus.

A eleição requer a evangelização. Todos os eleitos de Deus têm de ser salvos. Nenhum poderá perecer e o evangelho é o meio pelo qual Deus comunica a fé salvadora. A fé vem pelo ouvir e ouvir e, o ouvir pela Palavra de Deus. (Rm.10.17).

Deus tem seus eleitos em todas as nações da terra. Deus quer que o Evangelho seja pregado no mundo todo e em todo o tempo para que seja congregada a soma dos eleitos. Por isso dizemos novamente: a eleição exige evangelização. (II Tessalonicensses 2.13-14).

EXPIAÇÃO LIMITADA
Se eu entendi o ponto anterior entenderei bem este próximo. Aliás, este é âmago do Evangelho: O propósito da morte de Cristo na cruz. Por quem morreu Jesus? Spurgeon disse que a ELEIÇÃO “marca somente a casa para onde viaja a salvação”.Lembre-se de que Deus escolheu para si um povo seu. Acho que a pergunta importante é esta: Na cruz do Calvário, Jesus suportou o castigo de quem? Pagou para salvar a quem?

Vou dar três opções para você escolher.
1 - Cristo teria morrido para salvar a todos os homens.
2 - Para salvar a ninguém em especial, ninguém particular.
3 - Para salvar a alguns apenas. Um povo em particular.

1. Se você acha que ele morreu para salvar todos, você é universalista. Acredita que todos serão salvos. Ou que pelo menos Jesus falhou no seu propósito visto que não são todos os que são salvos. Jesus teria morrido, coitado, em vão; pelo menos pela maioria.
2. Se você acha que Ele morreu para salvar ninguém em especial, você é defensor do arminianismo (lembra-se de Armínio?). Ele achava que Cristo obteve em “potencial” a salvação para todos, mas eficientemente só para aqueles que se decidissem, por livre e expontânea vontade, ao lado de Cristo. O problema é que ele achava que o homem tinha capacidade em si mesmo de aceitar a Cristo. Ou seja, Cristo teria morrido para aqueles que tivessem capacidades em si mesmos de crer em Cristo. Não teria morrido pôr ninguém especial, visto que as pessoas é que decidem escolhê-lo. Seria mais ou menos assim: Jesus fez a sua parte, agora depende de você! Depende de mim? Oh meu Deus, quem é o homem para que possa escolher a Cristo. Ele mesmo disse: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros...” (Jo.15.16).

Meus irmãos, não há outra saída, você tem de aceitar o que a Palavra de Deus diz. Jesus morreu positiva e eficazmente pelos seus eleitos e escolhidos. Por eles satisfez a justiça do Pai. Por isso Ele disse: “...isto é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados” (Mt.26.28). O que foi que disse o anjo a José em sonho, anunciando o nascimento do Messias: “... lhe porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt.1.21). Oh, irmãos, Cristo amou a Igreja e por ela se entregou (Ef.5.25); pela Igreja, a reunião dos eleitos, dos escolhidos. Todas as vezes que você ler que Jesus morreu por “todos”, amou o “mundo” está se referindo aos eleitos. De fato Deus não faz acepção de pessoas, todo tipo de pessoas são salvas: judeus e gregos, pretos e brancos, ricos e pobres. É por isso que devo evangelizar, para ir salvar, pela palavra, os eleitos.

Ele morreu por você e por mim, povo seu. Isso nos humilha ao pó. Quem somos nós para que Te lembres de miseráveis criaturas. Oh glória a ti Senhor, por Tua graça especial e salvadora. Nenhuma gota do Teu sangue foi perdida!!! Vamos cantar a 2. estrofe do 87.

GRAÇA IRRESISTÍVEL
(aplicação da obra redentora pelo E.S.)

Veja a correlação deste ponto com os demais.

Se o homem é depravado e incapaz de salvar-se. Se Deus o escolheu e propôs salvá-lo, então é lógico se pensar que este mesmo Deus promoverá os meios para efetuar esta salvação. É assim que se manifesta a providência divina. Os eleitos virão pela providência e ação irresistível do Espírito Santo. Ele é que nos convence do pecado da justiça e do juízo. Ele não pode ser frustrado. Jó disse que nenhum dos planos de Deus pode ser frustrado. Quando Ele chama e convence o homem, este ato é irresistível. Só agora pude entender com mais profundidade a expressão Bíblica de que a Palavra de Deus nunca volta vazia. De fato ela é irresistível para os eleitos. Vejamos alguns versículos que falam por si só:

“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo algum o lançarei fora”(Jo.6.37). Deus dá, e este virá sem dúvida. E ao virem não serão lançados fora.

“Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer”.(Jo.6.44). É o Pai quem os traz, quem os atrai. Ninguém resiste a atração de Deus.

“...todo aquele que do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim”. (Jo.6.45). É Deus quem fala e ensina. O Espírito Santo não é mau professor.

“...vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.(I Pe.2.9)”.

“Mas aprouve a Deus que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça”.(Gl.1.15). Aprouve revelar seu Filho em mim.

Eu pergunto: Quando Deus chama mesmo, quem é que prevalece? O homem ou Deus? O Diabo ou Deus? Thomas Watson, um puritano do século XVII disse: “É Deus que segue em frente conquistando na carruagem de Seu Evangelho...”.

“Que nos salvou e nos chamou com santa vocação”(II TM.1.9).

Eu quero dizer uma coisa muito importante com respeito a isso. Todas as vezes que vejo um crucifixo, com um Cristo esquelético, anêmico, enfraquecido, morto, creio que estou vendo o que as pessoas vêm. Um Cristo sem poder. (Lembrar de Jesus caminhando para o calvário Lc.23.27-30) Um Cristo que está querendo salvar mas as pessoas são mais fortes que Ele. Creio que as pessoas estão imaginando um Cristo, coitado, que implora, como muitos evangelistas fazem, para que estas pessoas aceitem a Jesus e assim usam de todo tipo de artifício para convencê-los a receberem a Cristo. Esta é uma visão distorcida do Senhor da Glória, o todo poderoso Senhor. Quando Ele chama a seus escolhidos, eles virão; e virão convencidos, arrependidos, transformados pelo poder deste grandioso Deus. Glória a Ele. Amém!!! (3.estrofe do hino 87).

PERSEVERANÇA DOS SANTOS
Este é o último ponto. Todas as vezes que penso neste ponto, lembro-me de um fato interessante que ocorreu quando estávamos examinando uma irmã (no Conselho da Igreja) que vinha de uma outra igreja, de outra denominação sabidamente arminiana. O Conselho a interrogava. O Pr. perguntou se ela agora aceitava a nossa doutrina calvinista. Ela disse que sim. Um dos nossos presbíteros de espírito irrequieto e brincalhão de repente perguntou à jovem: “Então você deixou mesmo de acreditar na existência do “anjo borrachudo”? Ela ficou surpresa e respondeu que não sabia de fato do que se tratava. Ele então explicou. Eu sei que na igreja onde você freqüentava eles ensinavam que existem dois anjos importantes. São eles, o “anjo escrivão” e o “anjo borrachudo”. O escrivão, na hora que o crente se converte, assina o seu nome no livro da vida. Mas se ele cair em pecado, então entra em cena o anjo borrachudo que com uma borracha apaga o nome do ex-cristão do livro da vida. É sem dúvida uma brincadeira, mas que no fundo tem algo de verdade. O arminianismo ensina que o crente pode perder a sua salvação. Isso não pode ser segundo as Escrituras. Porque? Porque os que Deus escolheu antes da fundação do mundo para a salvação, para serem conforme a imagem do seu Filho, foram eficazmente santificados, regenerados, justificados e não podem apostatar. Não se perdem. Seria necessário esquecer tudo o que dissemos até agora. Ler “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”(Rm.8.29); “Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor...”(Ef.1.4); “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”. (Jo.6.37).

Lembre-se que Paulo afirma que “aos que predestinou, a estes também justificou, e aos que justificou, a estes também glorificou” Disse mais: “se Deus é por nós, quem será contra nós... porque estou certo de que nem a morte nem a vida... nem alguma outra cousa poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”. Ler (Rm.8.31-39).

Pense bem, se Deus salva os seus escolhidos antes da fundação do mundo como poderiam estes se perder? Se Deus determina salvar, se Jesus morre para salvar e chama exatamente os escolhidos, os eleitos para esta salvação, perguntamos: como poderão se perder? Pelo contrário, serão preservados para a vida eterna, para a glória do seu nome.

Assim entendemos a palavra do apóstolo Paulo; “...aquele que começou a boa obra em vós há de completá-la até o dia de Cristo Jesus”. (Fp.1.6).

Como negar o que o próprio Jesus disse: “E a vontade do Pai que me enviou é esta: que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia” (Jo.6.39). Disse mais: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão”. (Jo. 10.28). Quando Jeremias fala na Nova aliança que Deus faria com seu povo, se referindo à Igreja ao sangue da Nova aliança citado por Cristo, em Jeremias 32. Ele se expressa da seguinte forma: “Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim”. (Jeremias 32.40). Percebeu? Na Nova aliança, o povo de Deus, os eleitos, nunca se apartarão. Nunca!!! “Portanto agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. (Rm.8.1)

Não irmão, a obra de Cristo é total, o que Ele começa, certamente completará. Paulo disse: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la”. E Pedro arrematou: “Sois guardados pelo poder de Deus mediante a fé, para a salvação” (I Pe.1.5). Sim somos guardados pelo poder de Deus. Nunca nos apartaremos do Senhor. Glória, Aleluia, amém,!!! Vamos cantar última estrofe do hino 87.

Isto não foi Calvino que inventou, mas é o que a Palavra Santa de Deus nos ensina claramente. Este foi o ensino dos grandes missionários que o mundo conheceu - Willian Carey, David Brainerd. Os grandes evangelistas do passado como George Whitefield, Daniel Holland, Asael Netleton; pastores puritanos; escritores e teólogos piedosos, como Agostinho, Lutero, Calvino, Tyndale, Latimer, John Knox, John Bunyan, John Owen, Flavel, Jonathan Edwards, Newton, Spurgeon. Por falar em Spurgeon, gostaria de citar o que ele disse com respeito ao Calvinismo, ele disse: “É um apelido chamar isso Calvinimo; pois o Calvinismo é o Evangelho, e nada mais. Não creio que possamos pregar o Evangelho... a menos que preguemos a SOBERANIA de Deus em sua dispensação da GRAÇA.” Disse mais: “A antiga verdade pregada por Calvino a qual Agostinho pregou, assim como Paulo, é a verdade que tenho de pregar hoje, ou serei falso para com a minha consciência e meu Deus. Não posso moldar a verdade, não conheço algo como tirar as arestas de uma doutrina. O Evangelho de John Knox é o meu Evangelho; aquilo que trovejou pala Escóciar deve trovejar pela Inglaterra de novo”. E eu completo deve trovejar também pelo Brasil. Assim seja.

Pr. Josafá Vasconcelos

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