Por L. R. Shelton, Jr.
Encontramos o
ensino do Senhor Jesus Cristo acerca do novo nascimento no capítulo 3 do
Evangelho segundo João, nas instruções dadas pelo Senhor a Nicodemos, um dos
chefes dos judeus que veio a Jesus durante a noite CITAR Jo 3:3-8.
Nestes
versículos encontramos três coisas. Primeiro, O NOVO NASCIMENTO É NECESSÁRIO se
alguém quer entrar, ver ou tomar parte no reino de Deus. Por que? Porque “a carne e o sangue não podem herdar o reino
de Deus” (1 Co 15:50). O reino de Deus é um reino espiritual e nós estamos
excluídos por nossa natureza pecaminosa e carnal.
Segundo,
encontramos que O NOVO NASCIMENTO É OBRA DO ESPÍRITO SANTO, aquele que é
soberano em todas as Suas obras. E sua obra é dar vida a todos aqueles cujos
nomes estão escritos no Livro da Vida. Nosso Senhor disse em Sua oração
sacerdotal em João 17 que o Pai lhe deu poder sobre toda carne, para que desse
vida eterna a todos quanto o Pai lhe deu.
Terceiro, encontramos
que O NOVO NASCIMENTO E A CONVERSÃO NÃO SÃO A MESMA COISA. No novo nascimento o
pecador se encontra num estado passivo; na conversão o pecador toma parte
ativa. Na minha concepção natural e no meu nascimento eu era passivo porque a
concepção não veio de mim. Tampouco cooperei em meu crescimento nos nove meses
que estive no ventre da minha mãe, pois minha mãe me supriu em tudo. Depois que
nasci, comecei a chorar. Era muito ativo porque estava vivendo fora do ventre e
ainda necessitava de todos os cuidados da minha mãe. Chorava porque estava
vivo.
Da mesma forma
foi o meu nascimento espiritual pelo Espírito Santo. Eu era passivo na minha
concepção enquanto o Espírito plantava a Palavra da vida em meu coração (1 Pe
1:23), e me deu uma nova natureza (2 Pe 1:4). Eu não cooperei em nada. Mas,
assim que nasci de novo, comecei a clamar a Deus em Cristo; comecei a me
arrepender e a buscar a Deus em Cristo; comecei a me arrepender e a buscar
perdão por meus pecados em Cristo, a crer, confiar e buscar a Cristo e a Sua
preciosa Salvação e a clamar pela justiça de Deus em Cristo. Estive ativo por
causa do que Deus havia feito em meu coração pelo novo nascimento. O homem não
pode se converter, nem pode ser salvo, nem se arrepender, nem crer sem que
antes o Espírito Santo não lhe dê vida, sem que antes seja ressuscitado da
sepultura do pecado (Ef 2:1) e lhe seja dado um novo coração (Ez 36:26) e uma
nova natureza no novo nascimento. Somente assim pode haver arrependimento com
um coração quebrantado por causa dos seus pecados e por estar contra Deus,
vendo beleza e glória em Cristo por quem está disposto a abandonar o pecado e
se aproximar dEle aceitando-o como Senhor e Salvador, Rei e Libertador, com a
verdadeira fé salvadora. Como podemos ver, o novo nascimento e a conversão não
são a mesma coisa: no novo nascimento o pecador se encontra num estado passivo;
na conversão, pela graça de Deus, o pecador se encontra ativo clamando a Deus
arrependido e com fé. E isto continua em sua vida.
Vejamos como o
restante das Escrituras apresentam a natureza do novo nascimento: 2 Coríntios
5:17 declara que a regeneração ou o novo nascimento é uma nova criação e que as
coisas velhas já passaram e tudo é feito novo. O novo nascimento é uma nova
criação. Ezequiel 36:26-29 declara que nascer de novo é receber um novo
coração. Assim diz Palavra de Deus: “Vos
darei coração novo (isto é obra de Deus) e porei dentro de vós espírito novo
(isto é obra de Deus) e tirarei de vós o
coração de pedra, e vos darei um
coração de carne (isto é obra de Deus) e
porei dentro de vós meu Espírito (obra de Deus), e farei com que andeis nos meus estatutos (isto é obra de Deus), e guardeis os meus preceitos (esta é a
minha obra), guardeis os meus juízos e os
observeis (esta é a minha obra)”. Por que? Porque Deus fez Sua obra em mim
como sempre faz. Até a função que eu desempenho é o resultado da Sua obra de
graça, como está escrito em Filipenses 2:12-13: “…desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem
efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”.
Vemos então que o novo nascimento é fruto de um coração novo. Em 2 Pedro 1:4,
lemos que a regeneração e o novo nascimento é receber uma nova natureza: “nos têm sido doadas as suas preciosas e mui
grandes promessas para que por elas vos torneis co-participantes da natureza
divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo”. Sim, o novo
nascimento é o recebimento da natureza divina de Deus.
Também em João
1:13 nos diz que a regeneração ou o novo nascimento é de acordo com a vontade
de Deus: “Os quais não nasceram do
sangue, nem da vontade carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.
Novamente em João 3:5-8 lemos que a regeneração ou o novo nascimento é
completado em nós pelo Espírito Santo, e 1 Pedro 1:23 nos diz que o instrumento
que Ele usa é a Palavra de Deus: “pois
fostes regenerados, não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante
a palavra de Deus, a qual vive e é permanente”.
Comparando
estes versículos, vemos que através do Seu poder, o Espírito Santo renova o
homem interior, dando-lhe um novo coração e fazendo-o participantes da natureza
divina de Deus, preparando-o para Seu reino, o qual é um reino espiritual.
Fazemos a
seguinte pergunta: “Como Ele faz isto?” Aprouve a Deus criar-nos em nosso ser
moral e caráter, um ser tri-partito:
entendimento, afeição e vontade. O homem deve mudar estes três aspectos se
quiser buscar a justiça e a santidade de Deus. Com a queda de Adão todos
perdemos nossa justiça e santidade e passamos à condição de mortos em nossos
delitos e pecados (Ef. 2:1-3). No novo nascimento Ele nos ilumina o
entendimento que havia sido obscurecido (Ef. 4:18). Por que? Porque “o homem natural (o homem carnal) não aceita as coisas do Espírito de Deus,
porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem
espiritualmente” (1 Co 2:14). Assim é o nosso coração separado da graça da
Deus. Então, tendo o nosso entendimento iluminado pelo Espírito Santo,
enxergamos a nós mesmos, a Cristo e ao mundo, e tudo mais debaixo de uma luz
diferente da anterior. De acordo com 2 Coríntios 4:6, Ele faz com que a luz
brilhe na escuridão do nosso entendimento, “para
iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo”. Somente
assim o pecador clama como Isaías ao ver a glória de Deus em Sua santidade, “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem
de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios, e os meus olhos
viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!” (Is 6:5).
É assim que
vemos a Deus em Sua santidade e caímos diante de Seus pés clamando, “miserável, miserável, vil e cheio de pecados
sou”. Por que? Porque o entendimento nos foi iluminado para ver a Deus em
Sua santidade e ver-nos em toda nossa impureza por causa do pecado. Depois de
me apresentar diante de Deus três vezes santo com a luz do trono brilhando
sobre a Sua santidade, essa mesma luz mostra a minha pecaminosidade e o quanto
estou distante de Deus. Lembremos que a faculdade do nosso entendimento não nos
é tirada no novo nascimento, mas é iluminada nos dirigindo para Deus, Cristo, para
a santidade e as coisas eternas. À luz do trono de Deus, vejo a mim mesmo e a
santidade de Deus.
As inclinações do homem foram prostituídas com a queda (Is 53:2), de
modo que já não se via mais beleza, glória ou santidade, o que se via era o
prazer no pecado em todas as suas formas. Mas depois da obra do Espírito Santo
em seu entendimento, as inclinações do homem pecador é exercitada de maneira
diferente. Em vez de exercitá-las em coisas temporais e nos desejos, agora se
projetam em coisas espirituais e eternas depois de ver a glória e a beleza de
Deus em Cristo Jesus. As inclinações agora estão debaixo da vontade do bendito
e eterno Filho de Deus. Se vê nEle, em sua morte, ressurreição e ascensão uma
beleza, uma glória, e um desejo de apropriação que antes se considerava como
loucura ou tolice por seus olhos estarem cegos e suas inclinações prostituídas
pelo deus deste mundo, o próprio Satanás (2 Co 4:4).
Então, com o
entendimento iluminado e as inclinações indo após Cristo, a vontade, que antes
estava cativa (Rm 7:14-15), é libertada (Rm 6:18). Em vez de seguir o pecado e
a injustiça, nos rendemos a Deus e a Seus juízos, dizendo em nossos corações, “não seja feita a minha vontade e sim a Tua
Senhor”. Clamamos como Saulo de Tarso caído ao chão no caminho de Damasco,
“Senhor, que queres que eu faça?” (At
9:6). Sim, quando o entendimento é iluminado pelo Espírito Santo no novo
nascimento, as inclinações vêem beleza e glória em Cristo, então a vontade diz
“sim” a Jesus Cristo porque o pecador foi feito voluntário no dia do Seu poder
(Sl 110:3).
Para
resumir, o novo nascimento não é a remoção de nada do pecador, porque nosso
entendimento, nossas inclinações e nossa vontade ainda se encontram intactas.
Mas é a comunicação de algo ao pecador: O NOVO NASCIMENTO É A IMPLANTAÇÃO DA
NATUREZA DIVINA DE DEUS (2 Pe 1:4). Louvado seja Deus por isso! Ele nos dá vida
no Senhor Jesus. Quando eu nasci pela primeira vez, eu recebi de Deus, através
de Seu Espírito, Sua natureza. Sim, o Espírito de Deus, ao nos salvar, produz
dentro de nós uma natureza espiritual. Já que esta é a obra do Espírito Santo,
então não pode ser através do batismo, do tornar-se membro de uma igreja, ser
religioso, fazer coisas boas, nem tomar uma decisão ou fazer uma profissão de
fé. É algo que Deus faz por Sua graça soberana e Seu poder nos corações de
pobres pecadores. De fato, nós nem pedimos; na verdade, Deus é quem opera.
Então começamos a pedir porque Ele operou em nossos corações.
Isto
nos leva ao próximo ponto: A NECESSIDADE DO NOVO NASCIMENTO. É uma lei
fundamental aquela que diz, “somente semelhança produz semelhança”. Este
princípio inalterável é visto mais de uma vez no primeiro capítulo de Gênesis:
“A terra, pois, produziu relva, ervas que
davam semente segundo a sua espécie, e árvores que davam fruto, cuja semente
estava nele, conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era bom”
(versículo 12); e os versos 21-25 ensinam o mesmo: TUDO SEGUNDO A SUA ESPÉCIE.
Prezado
amigo, é a cegueira do evolucionista infiel que afirma que uma espécie de
criaturas pode dar origem a outra ordem radicalmente diferente da sua própria
espécie. 1 Coríntios 15:39 nos diz, “nem
toda carne é a mesma; porém uma é a carne dos homens, outra a dos animais,
outra a das aves e outra a dos peixes”. Assim, o que é nascido de um
vegetal é vegetal, e o que é nascido de um animal é animal; estes nunca se
cruzam. Da mesma maneira, o que é nascido de um homem pecador é uma criança
pecadora, carne, uma criança corrupta; porque o homem não pode gerar nada que
não seja igual a ele: pecador (Sl 51:5). Também o Salmo 58:3 diz: “Desviam-se os ímpios desde a sua concepção;
nascem e já se desencaminham, proferindo mentiras”. Portanto somos vistos
como miseráveis em tudo: Nós criaturas cheias de pecado, não podemos entrar no
reino da graça sem a obra do Espírito Santo em nossos corações. Há muitos
deveres que devem ser levados a cabo e muitos privilégios para ser desfrutados
pelos filhos do reino espiritual de Deus, os quais o homem degenerado não pode
levar a cabo nem desfruta (1 Co 2:14). Pode um homem degenerado arrepender-se no
pó na cinza, quando odeia a Deus e ama o pecado? Pode um homem degenerado viver
pela fé no Filho de Deus, quando este só tem olhos para viver pelo que vê e não
tem olhos para ver a Cristo pela fé? Pode um homem degenerado crucificar a
carne com a suas concupiscência quando por natureza corre atrás delas
egoisticamente? A resposta é NÃO, mil vezes NÃO, não até que tenha um coração
novo e uma nova natureza que ame estas coisas. Desta maneira vemos a necessidade
do novo nascimento para preparar o homem para o âmbito espiritual, o qual é o
reino de Deus.
Você
vê prezado amigo, O CÉU É UM LUGAR PREPARADO PARA UM POVO PREPARADO, preparados
aqui na terra, feitos propícios para Deus, para Sua presença e Sua santidade.
Agora eu pergunto a você: Querem aqueles que nunca buscaram nem desejaram uma
hora de comunhão com Deus em secreto, deleitar-se em não ter outra ocupação por
toda a eternidade? A resposta é NÃO! “Caindo
a árvore para o sul, ou para o norte, no lugar em que cair aí ficará (Ec
11:3). “Continue o injusto fazendo
injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da
justiça, e o santo continue a santificar-se” (Ap 22:11). Se um homem não
sente o desejo de agradar a Deus e a Seu Cristo aqui, não o terá na eternidade.
Para
terminar, pergunto: QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS DO NOVO NASCIMENTO? Quando o
novo nascimento é operado no coração do homem, ele segue o Senhor Jesus Cristo.
A nova vida faz com que ele encontre em Cristo a propiciação para as suas
necessidades como pecador. Ele vê que Cristo pagou todas as suas dívidas na
Cruz. O pecador vê na tumba vazia que Deus o justificou completamente dos seus
pecados por causa da justiça imputada de Cristo. O pecador vê que ao ser
levantado e sentar-se nos lugares celestiais com Cristo, tem nEle santidade
imputada porque em Cristo ele foi justificado. E no Espírito Santo, que habita
nele, tem a santidade implantada para que, por meio da graça de Deus, cresça
lenta e firmemente em santificação. O pecador vê nas Escrituras que a quem Deus
justifica, Ele santifica, dando a seu filho recém-nascido o desejo de amar a
justiça e odiar o pecado. Como diz 1 João 3:9, que ninguém que é nascido de
Deus pratica, deliberadamente e com a consciência tranqüila, habitualmente o
pecado, pois a natureza de Deus habita nele. Seu princípio de vida, a semente
divina, permanece permanentemente dentro do seu ser, e não pratica o pecado
porque é agora foi nascido de Deus.
Um
homem que nasceu de novo do Espírito de Deus se volta para Deus e se arrepende
dos seus pecados. Lamenta-se sobre eles, afasta-se, odeia, deseja libertar-se deles,
e buscar a face de Deus em Cristo, de modo que seus pecados sejam postos
debaixo do Seu precioso sangue. Dir-se-á dele o que se disse dos Coríntios, “…porque fostes contristados para
arrependimento; …porque a tristeza que é segundo Deus produz arrependimento
para salvação, de que não tendes que arrependerdes; …porque disto mesmo de que
haveis sido contristados segundo Deus, que produziu solicitude em vós, que
defesa, que indignação, que temor, que ardente afeto, que zelo, e que
vindicação!” Sim, há o desejo de acabar com o pecado, e esta atitude de
ódio ao pecado estará com ele todos os dias de sua vida.
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Tradução Waldemir Magalhães
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